quarta-feira, 4 de junho de 2008

O porque falar disso agora?

A primeira pergunta que eu me faço e acho que seria uma das perguntas de quem ler esse artigo também seria: Porque falar disso agora? Duma banda de rock?

Algumas pessoas buscam conforto ou respostas para suas vidas através da religião, mas tem aquelas pessoas, como eu, e acredito que muita gente por ai também ás vezes buscam respostas, conforto ou só para extravasar a pressão que o mundo exerce sobre elas de outra maneira, através da arte, do teatro, do cinema, da literatura e principalmente da música.


O que eu tento passar para o publico com a peça?

O que eu tento passar para o publico com a peça, principalmente o publico jovem, é que não desistam, lutem. Manifestar é juntar forças para reivindicar um mundo melhor pra todos. Penso que uma voz sempre pode ser um estopim pronto pra chamar atenção para algo que pode ser melhorado ou concertado para que muitas pessoas possam viver melhor não só uma pequena parcela da sociedade. Onde as leis só beneficiam poucos, aqueles que têm dinheiro para pagar. E quase sempre no Brasil pessoas notoriamente culpadas de algum tipo de crime, corrupção, assassinato, ás vezes até rel confesso é posto em liberdade.


Contracultura

Se voltarmos no tempo, na década de 60, começo do estilo de vida livre, quando começou o movimento conhecido como estilo hippie. Onde as pessoas descobriram que poderiam tentar mudar alguma coisa no mundo, começava ai as várias manifestações publicas e mundiais contra a guerra, no Brasil, contra a ditadura do governo militar.
A esse conjunto de manifestações deu-se o nome de contracultura. Um estilo diferente de se comportar no mundo, underground, á margem do sistema. O que Mother Fucker – O começo de uma banda de rock and roll faz é tentar recolocar esse germe da inquietação da contracultura de novo nas veias das pessoas pra tentar recuperar esse estilo onde todos lutavam juntos por mudar o mundo, no nosso caso, no Brasil, fazer com que, já que as leis foram criadas, que pelo menos sejam aplicadas a qualquer um, não só aos mais fracos, ou seja, aquele que não é ligado a nenhum grupo ou partido e está fora de qualquer cooperativismo. Mas que as pessoas paguem por aquilo que fizeram.
Assim acreditamos que muitas coisas realmente melhorariam para todos os Brasileiros.

A gente vive num mundo onde tudo é descartável, de bens de consumo a vidas humanas. Mais do que nunca vivemos a questão dos 15 minutos de fama a que o artista plástico Andy Warhol se referiu nos anos 70. As pessoas só existem se estão na mídia nem que seja só pra serem ridicularizadas.
Dentro dessa realidade criamos um espetáculo que trata de todas essas questões atuais de uma maneira engraçada, que faz o publico refletir e se divertir ao mesmo tempo. Utilizamos a musica, historicamente um instrumento de provocação, de mudança, capaz de atingir mais do que qualquer outra arte a sensibilidade humana como nossa aliada.
Os personagens da peça não são diferentes da maioria de nós em suas lutas diárias, seu sonhos, seu trabalho e as suas frustrações, é por isso que acredito que o publico em algum momento da sua existência vão se identificar com eles.
Os personagens não são seres perfeitos, até porque seres humanos perfeitos são desinteressantes, pelo menos para a arte, as imperfeições da vida é que são apreciáveis. Como contador de história, parafraseando o escritor Joseph Campbell: “Contamos histórias para tentar entrar em acordo com o mundo, para harmonizar nossas vidas com a realidade.”
Acredito eu, que só nos movendo as coisas podem acontecer. Como disse ex presidente Kennidy, “se me perguntarem qual é o segredo do sucesso eu não saberia dizer, mas sei que o fracasso seria querer agradar a todos.”
Mother Fucker é uma peça com final otimista ao mostrar personagens sem muita opção e que isolados não tem muita força, mas juntos são capazes de encontrar um rumo para seguir em frente com suas vidas.
O espetáculo é diferente de todos que já foram encenados pela Cia, Desencontrários que já montou cinco peças nos seu quase sete anos de existência, a cia tem em seu cerne os mesmos questionamentos já característicos do grupo tais como: a eterna busca pelo entendimento das crises de relacionamento humano e as intrigas geradas pelas diferenças.
A peça começa com a aparição de um projetor de cinema de 8mm jogando sua luz sobre a cortina do teatro como se o que fossemos assistir fosse um filme antigo, de um tempo que não volta mais. Uma época em que o mundo parecia mais romântico, um período da nossa história em que o mundo passou por transformações comportamentais, sócias e políticas.
O cenário da peça é dividido em três espaços cênicos, uma rua, uma garagem e o local do show da banda. O cenário é quase um personagem, uma lona de carreta de 17mt cobre todo o palco com uma rachadura até a boca de cena, os espaços são divididos por telas de mosqueteiro desses usados em construção civil para proteger as pessoas contra quedas de detritos. Como a peça se passa em uma garagem de um sobrado condenado pela defesa civil devido ao acidente nas obras do metrô, as telas servem como metáfora de proteção para esses personagens que tem a vida desabando junto com a casa.
Os personagens de Mother Fucker tem personalidades muito diferentes, baseado nisso o figurino são inspirados nas décadas de 60, 70, 80 e 90, épocas que são defendidas no comportamento e na psicologia de cada personagem não só no seu vestuário.
Os personagem tem nomes bem particulares: Valquiria (Danielli Ávila que também assina a produção), Gasolina (Joeli Pimentel, diretor e autor do texto), Dorinha (Claudia Ortolan) e Estrela (Tito Guerra)
Mother Fucker - O começo de uma banda de rock and é uma mistura de humor, indignação, rebeldia e desespero para criar uma comédia hilária com pitadas de humor negro.

Se alguém quiser ter uma palinha da peça antes da estréia no sábado dia 7 de junho já está na Internet um curta de três minutos onde a banda rouba um carro para invadir a MTV para obrigá-los a por o clip da banda no ar. O endereço tá ai embaixo.

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