quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A mulher no bar

Em algum momento da minha vida uma mulher olhou pra mim num bar cheio de gente interessante, achei que não fosse comigo, porque uma mulher daquelas, uma fada iria olhar para um cara como eu? Normalmente chegaria nela se estivesse bêbado, mas daquela mulher eu não conseguiria me aproximar nem bêbado. Um comedor de costela com mandioca de boteco como eu não lida bem com a rejeição. Enquanto troco de roupa sinto uma alegria confusa, com um misto de medo. Saio do vestiário já com roupa de hospital e máscara e fui para sala de espera; na sala tinha um aparelho antigo de medir os batimentos cardíacos desses que não se usava mais; um sofá de dois lugares de cada lado com mais dois pais vestidos como eu aguardando serem chamados. Em vinte minutos a enfermeira avisou que estava na hora; subi um lance de escada à esquerda do corredor, “Centro Cirúrgico” dizia a placa. Confuso. Apertei o interfone me indicaram a sala de vidro fumê de vai e vem, entrei. Daí para frente tudo ficou mais confuso ainda, parecia que meus olhos fotografavam cada movimento. A porta abriu, a enfermeira me pedia para tomar cuidado onde pisa-se. A Dany estava deitada com um pano separando sua cintura do resto do seu corpo, não dava para vê-la do outro lado da cortina; o assistente e o mesmo médico que tinha feito o parto da Dany 34 anos atrás  já tinha começado os procedimentos, quando vi  o sangue em suas mãos e a barriga da Dany aberta senti meus pés formigarem, fixei o chão; resisti a vontade de olhar novamente. Fui levado até uma banquinho sem encosto. Sentei.  Segurei a mão da Dany, minha mão estava gelada e suada, ela riu pra mim, aquele sorriso me confortou e me trouxe a terra novamente. Ela estava bem; ali atrás das cortinas eu evitava ficar de pé para ver o que os médicos faziam com o resto do seu corpo. A Dany é uma guerreira, sabia do medo dela, mas foi forte, agora a história seria outra, da outra vez foi tristeza; agora é pura alegria, êxtase. Duas moças filmavam e fotografavam; o Dr. avisa para abrir a janela; a família e os amigos estão todos do lado de fora aguardando. Eu e a Dany vemos quando nosso filho nasce, catarse, ele engasga, tenta de novo, engasga para em seguida chorar. Choramos juntos. Cortam o umbigo e o entregam para enfermeira. Só Deus para saber o que passamos para ter esse menino. Agora é realidade. A enfermeira o traz para perto da mãe, mãe e filho se olham pela primeira vez. Meus olhos ficam fora de foco. Limpo as lágrimas. Eles levam ele até uma mesa do outro lado e pedem para eu acompanhar. Limpam passam pomada nos seus olhos, colocam pulseiras de identificação, pronto agora ele tem código de barra com o nome da mãe impresso. Ele é embrulhado bem apertado e levado para a mãe novamente, eu ainda não consegui tocá-lo. A enfermeira encaixa ele no pescoço dela e pede para eu segurá-lo.  Ele chora a Dany fala com ele e roça seu rosto no dele; ele gosta e fica quieto, se senti seguro, ela pronuncia seu nome. Breno. Toco nele como se estivesse sendo apresentado ao novo amigo. É meu filho. Meu deus que vamos fazer agora? Será que ele vai ser um cara legal? Será que vai gostar de mim? Será que vou ser um bom pai para ele? Será que ele vai ser ator quando crescer? E mais um monte de serás.  Tinha me esquecido das pessoas do lado de fora da sala. Peguei o Breno, aquele ser pequeno, frágil e o suspendi para que eles pudessem vê-lo. As avós, bisavós, tio, tia, primos e amigos fotografavam, riam, comemoravam.  Nosso filho nasceu.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

SOBRE O OCORRIDO EM LONDRES

Queridos amigos

Há aproximadamente 6 meses, a nossa Companhia – Teatro da Curva – recebeu um convite do Camden Fringe Festival , de Londres, para apresentar o espetáculo “Otimismo”, de Voltaire, adaptação de Ralph Maizza. Estreamos esse espetáculo em 2008 e ao longo de 2 anos fizemos 3 temporadas. Esse convite representou a expansão e coroação de um espetáculo realizado com poucos recursos, mas com muita dedicação, profissionalismo e amor. Durante esses 6 meses, trabalhamos continuamente e intensamente no levantamento de recursos afim de financiar a nossa viagem, visto que não haveria remuneração financeira, e sim apenas o intercâmbio cultural. Levantamos a verba necessária e adaptamos o nosso espetáculo para atender às necessidades do público inglês, de forma a proporcionar uma ampla compreensão do texto encenado, sem que o mesmo perdesse a sua essência.

Enfim, reunimos toda a documentação necessária de acordo com a legislação da imigração inglesa e seguindo orientação do Festival, que inclusive nos enviou uma carta convite, constando o nome de todos os envolvidos, para que a mesma fosse apresentada na imigração. Nos endividamos, recebemos o apoio de amigos, familiares e classe artística, e embarcamos rumo à concretização dos nossos sonhos e expectativas. Após uma longa viagem de 12 horas, chegamos cansados, porém muito empolgados e felizes, em solo inglês. Num primeiro momento, fomos recebidos cordialmente pelos agentes da imigração inglesa. Apresentamos todos os documentos necessários, demos as devidas explicações e fomos sinceros e claros quanto aos nossos objetivos em território inglês. Entregamos ao oficial nossos passaportes, a carta convite, as passagens de ida e de volta, o endereço no qual ficaríamos hospedados com carta de acomodação e informamos o quanto possuíamos em libras, quantia essa mais do que suficiente para bancar a nossa permanência em Londres durante os 10 dias de viagem.

Enquanto o oficial da imigração checava toda a documentação apresentada, fomos conduzidos a outra sala, onde nos revistaram e também as nossas bagagens, tudo de maneira cordial, porém, com algumas perguntas evasivas e atitudes invasivas (como, por exemplo, pedir para traduzir a carta de “boa viagem” da mãe de um dos atores, entre outras violações). Após 5 horas de espera, sendo ludibriados pelos oficiais da imigração, que nos diziam tudo aquilo se tratar de procedimento padrão para que pudéssemos entrar em território inglês, fomos comunicados da nossa inadmissão naquele país. A imigração alegou que não poderíamos entrar, pois não se tratava de um festival que possuía registro oficial e, portanto, o mesmo não tinha o direito de nos convidar. Sendo assim, necessitávamos de um visto de trabalho. No entanto, segundo cláusula do site de imigração londrina (no qual não consta a lista de registro dos Festivais Oficiais), é permitida a entrada no país de turistas e artistas para mostrarem o seu trabalho temporariamente, num período de 10 dias, não necessitando do visto de trabalho, já que não há remuneração. Mesmo sem o direito da palavra, dissemos isso ao oficial da imigração que, com muito cinismo e prepotência, nos replicou que poderíamos entrar como turistas, porém não naquele dia e, se quiséssemos, poderíamos voltar no dia seguinte. Ainda assim, manifestações, e pessoas do festival estavam no aeroporto tentando falar com a imigração para confirmar a veracidade das nossas informações, a falha de um documento complementar por parte do festival, bem como explicar que a nossa situação era completamente legal. A imigração, com seu radicalismo e xenofobia, não permitiu que essa comunicação fosse efetuada. A partir desse momento, a cordialidade dos oficiais ingleses transformou-se em uma hostilidade injusta e inadequada, já que estavam lidando com artistas (turistas) com documentação legal, que não haviam cometido nenhum delito. Digitais (mãos inteiras) e fotos foram tiradas de todos, e o direito de réplica nos foi negado de maneira estúpida e ameaçadora. Nos revistaram novamente, mas dessa vez de maneira agressiva. Nenhuma explicação. Agentes da segurança foram chamados para impedir qualquer manifestação da nossa parte, que apenas desejava conversar e entender o ocorrido. O pedido de tomar banho, trocar de roupas ou mesmo de fumar um cigarro foi negado rudemente, bem como a comunicação com a nossa produtora local. Os celulares foram apreendidos para que não tirássemos fotos. Em seguida, fomos escoltados por um grupo de seguranças até o momento de entrada no avião, cuidando para que não abríssemos as bagagens. Nos cercaram na zona de embarque na frente de todos os passageiros, até que os mesmos entrassem no avião. Nos sentimos envergonhados e acuados, e enquanto embarcávamos de volta, os seguranças ingleses nos davam um “tchauzinho” cínico e um sorriso sarcástico.

É importante registrar o quanto foi saudosa a recepção da tripulação da TAM, assim como a reação dos passageiros a nossa volta, bem como a calma e solidariedade da Policia Federal ao chegarmos no Brasil.
Com relação à falha da documentação complementar que não foi emitida pelo festival (registro), o grupo já está tomando as devidas providências. Vale ressaltar que tal falha do festival não tornava a nossa condição ilegal para que pudéssemos, de alguma forma, entrar em solo “shakespeareano”.

Escrevemos essa carta para o esclarecimento dos fatos, para que não haja dúvidas e tampouco distorções a respeito do ocorrido. Sobretudo, colocamos aqui que o objetivo não é o ressarcimento financeiro, e sim a expressão de nossa tristeza, indignação e sensação de impotência, visto que nos sentimos envergonhados sem termos feito nada de errado, bem como nos sentimos fracassados e humilhados sem termos falhado. Não é possível descrever o sentimento de rejeição e injustiça gratuita que experienciamos. No mais, acima de tudo, queremos fazer jus a nossa dignidade. Chegou a hora de lutarmos efetivamente contra a xenofobia, bem como reivindicar nossos direitos de cidadãos do mundo e artistas.

Abraço a todos,
Teatro da Curva
Celso Melez, Didio Perini, Flávia Tápias, Leandro D’Errico, Mariana Blanski, Ralph Maizza, Reynaldo Thomaz, Ricardo Gelli, Tadeu Pinheiro e Walter Figueiredo.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Estou tentando postar uma foto da dany grávida e não consigo.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Hoje a Dany Avila, minha mulher,parceira,sócia companmheira, amante, atriz, produtora, mãe do meu filho que esta para nascer está fazendo aniversário.
Dany muitas e muitas felicidades nesse dia , parabéns meu amor.
nós te amamos muito.
de
Joeli e Breno

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Quem não tem dinheiro não tem dividas.
Quem não tem um lugar para sentar pode sentar-se em qualquer lugar.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Quando o cara se senti o dono da situação ele começa a querer tudo só pra ele.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Vou ser pai. Confesso estou um pouco assustado, um misto de medo e alegria. O que devo ensinar ao meu filho? Que modelo de ser humano sou ? Nunca confie em ninguém descolado de fala fácil? Uma coisa eu sei, existem homens e mulheres o resto é vaidade.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Reforma do Ministério da Cultura revê direitos autorais

Consulta pública - totalmente online - será lançada nesta segunda-feira

O Ministério da Cultura (MinC) lança nesta segunda-feira a consulta pública que ajudará a definir o texto da reforma da Lei de Direitos Autorais. Foram vários adiamentos sucessivos e muita discussão - principalmente entre o MinC e as entidades de arrecadação privada. A consulta pública será totalmente online. “A ideia é debater aspectos mais ou menos nos moldes do Marco Civil da Internet”, explica Alfredo Manevy, secretário executivo do MinC.

“Eu acho que o processo demorou bastante, bem mais do que o previsto. Poderia ter sido concluído há um ano e meio”, critica Pablo Ortellado, professor da USP e coordenador do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação (Gpopai). O grupo participa da Rede pela Reforma da Lei de Direito Autoral, que reúne 20 organizações (como CTS-FGV, UNE e Idec) e pressiona o MinC a liberar o texto desde o ano passado.

Distração

O temor é que o debate perca força por causa da Copa do Mundo e das eleições. Além da pressão pela aprovação, o MinC também enfrentou resistência das entidades privadas contrárias à mudança. A Associação Brasileira de Música e Artes (Abramus) diz, por exemplo, que a lei 9.610 é atual e precisa só de retoques.

A principal diferença é que a nova legislação prevê um espaço para uso amigável e também mais flexibilidade para os autores discutirem prazos e condições de cessão de direitos, além da criação de um Instituto Nacional de Direito Autoral responsável por regular a atuação das entidades privadas. Esse é o ponto mais criticado pelas entidades de arrecadação, que acusam o MinC de estatização. O Ministério prefere definir as mudanças como a “criação da figura de um ‘Estado indutor’”.

Por ser tão restritiva, a legislação anterior, a lei 9.610, de 1998, foi considerada pela ONG Consumers International como a sétima pior do mundo em termos de acesso à educação. Ao pé da letra, a atual LDA proíbe fotocopiar livros para fins educativos, copiar obras para fim de conservação e usar pequenos trechos para remix. A nova legislação deve criar mecanismos para legalizar esses três exemplos.

“A ideia é ter um mecanismo para os autores ficarem mais independentes”, diz Samuel Barrichello, coordenador-geral de regulação em direitos autorais do MinC. Além disso, “a proposta é que 50% do valor da obra vá para o autor”. O Instituto de Direito Autoral não determinará valores, mas definirá regras básicas de atuação das entidades de arrecadação. “É meio obrigatório existir gestão coletiva. Mas esses órgãos precisarão ser registrados no ministério.”

Acesso

A legislação não só deve proteger e garantir que o autor receba por sua criação mas também garantir que o público tenha acesso aos bens culturais - e é esse o ponto criticado pela Consumers International. O novo projeto de lei deverá prever uma série de exceções e limitações para que, por exemplo, seja permitido digitalizar um filme cujo diretor não seja mais localizável. E também regulamentará o remix, a possibilidade de uso de pequenos trechos da obra. “A ideia é criar flexibilidade para que se possa usar uma obra sem infringir os direitos autorais”, diz Barrichello.

Para Para Ortellado, a reforma da lei traz avanços importantes, mas poderia trazer mudanças mais ousadas - como a diminuição dos prazos de proteção (que continua a ser de 70 anos) e a regulação do compartilhamento na internet. “Poderíamos aproveitar essa janela de oportunidade”, sugere.

“É preciso falar mais em trazer remuneração pela música na internet”, sugere o produtor Pena Schmidt, que, junto de Ortellado, também assina o manifesto pela mudança da LDA. “Não há porque criminalizar a fruição da nossa cultura. É preciso descobrir como cobrar e remunerar os direitos adequadamente, sem tratar os ouvintes e promotores como inimigos.”

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Uma noticia boa no meio de tanta tragédia, "Betty Quer Morrer", foi selecionado para a mostra paralela do festival da Amazônia de cinema.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

terça-feira, 25 de maio de 2010

"Bem, todos morrem um dia, é simples matemática. Nada de novo. A espera é que é um problema.”

“Esse é o problema de ser escritor, o problema principal – ócio, ócio demais. A gente tem de esperar que a coisa cresça até poder escrever, e enquanto espera fica doido, e enquanto fica doido bebe, e quanto mais bêbado mais doido fica. Não há nada de glorioso na vida de um escritor nem na vida de um bebedor.”

Henry Charles Bukowski (1920 – 1994)
Ontem vi o meu filho se mexendo na barriga da Dany, foi lindo.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A vida ...

...sempre continua
palavras, palavras descobrindo quem somos nas palavras, palavras


quinta-feira, 29 de abril de 2010

Comentária do amigo Paulo Mohylovski

Ah, li seu post sobre e-book no seu blog. Acho que vale a discussão. Na verdade, vai libertar o autor dos editores, podendo ele mesmo comercializar os seus livros. Foi o que aconteceu no caso do jornalismo. Eu mesmo voltei porque consegui espaço na internet. Posso criar meu blog de entretenimento sem depender de editor. Eu estava lendo uma entrevista com o jornalista espanhol que fundou o El Pais, e ele estava dizendo que tem mais imagens jornalísticas circulando no mundo feitas por amadores do que por profissionais, que qualquer um vai poder ser jornalista, a diferença, segundo ele, é que sempre vai haver necessidade de bons jornalistas. Pra mim, se eu amo um autor, eu leio tudo dele em que midia for. Já baixei vários livros na internet e li no world As Travessuras de uma Menina Má, que adorei. Agora nisto tudo, o teatro sai ganhando. Vc nao pode baixar um espetáculo, só o texto, mas nao a encenação...

abç

quarta-feira, 28 de abril de 2010

LIVRO ELETRÔNICO: ALERTA, ESCRITORES

Surrupiei do blog do Pinduca, link ai do lado;
pra quem se interessa por livros vale a pena ler:

Saiu matéria na Folha de São Paulo sobre o livro eletrônico, que começa a entrar no mercado editorial brasileiro. O texto diz que os livros nacionais ainda são pouquíssimos no formato eletrônico. Por quê? Eis o trecho que mais interessa a nós, escritores: “O livreiro é um dos que defendem que o maior nó no mercado é a rediscussão dos direitos autorais. ‘O medo está aí. Isso vai inundar o Judiciário’”. O livreiro é Pedro Herz, dono da rede de livrarias Cultura. (grifo meu).



Nem todo mundo sabe, mas os autores ganham apenas 10% do preço de capa de cada livro vendido. 10%. Os outros 90% ficam com editoras, distribuidoras e livreiros. 10% é o padrão. Mas há editoras que chegam a pagar 3%. Quando falo isso para leitores que não fazem a menor idéia como funciona a remuneração de direitos autorais no Brasil, muitos ficam espantados, outros indignados.



A entrada do livro eletrônico é uma ótima oportunidade para os autores rediscutirem seus direitos autorais. Ouçam bem: é uma ótima oportunidade. As grandes livrarias já estão pressionando as editoras para venderem livros de seus autores em formato eletrônico. As editoras já estão procurando os autores para assinarem adendo aos contratos autorizando a venda em formato eletrônico.



Conversei com um advogado especialista em direito autoral essa semana. O livro eletrônico foi um dos temas da conversa. Perguntei a ele o que os autores devem fazer em relação às autorizações para comercialização do livro eletrônico. Ele foi claro e taxativo: “Enquanto não redefinirem a remuneração dos direitos autorais, não assinem. O livro eletrônico não tem custos que justifiquem manter os direitos autorais em apenas 10%”.



A matéria da Folha diz que os representantes de cada setor da cadeia produtiva do mercado editorial já estão discutindo a questão. Eu pergunto: quem representa os escritores nessas discussões? A Academia Brasileira de Letras? A União Brasileira dos Escritores? Algum escritor foi procurado para se manifestar?



O advento do livro eletrônico vai provocar grandes mudanças no mercado editorial. Entre outras coisas, vai diminuir os custos de produção dos livros e também os custos de venda pelas livrarias. Tanto escritores, quanto editores, podem fazer vendas diretas em seus sites, a custos quase zero. Essa é uma boa alternativa caso não haja acordo justo em relação ao pagamento de direitos autorais. A pressão vai ser comercial. Em resumo: há todas as condições para o preço do livro diminuir bastante (vantagem para os leitores) e o pagamento de direitos autorais subir bastante (vantagem histórica para os escritores).



Por isso, está dado o alerta: escritores em geral: não sejamos bobos. Não assinemos nenhum contrato enquanto não houver uma discussão aberta sobre direitos autorais de livro eletrônico e um acordo justo. Não caiam na balela de que estamos nos tempos de “quebra de autoria, compartilhamento de informações”, argumento que está sendo utilizado por alguns comerciantes de livros. Eles não vão “compartilhar” nossos livros. Eles vão vendê-los.



Alguns editores já compreenderam a necessidade dessa discussão com seus autores. Já perceberam que se marcarem touca vão beirar a falência, como aconteceu com as gravadoras. São poucos. E provavelmente vão tentar acordos individuais com os autores.



Eu vejo a grande oportunidade de tomarmos uma decisão coletiva. Uma decisão dessa forma vem com muito mais força. Podemos fechar um acordo que beneficie a todos. É uma oportunidade única.



É uma oportunidade única para os editores e livreiros também mostrarem que se preocupam de fato com os autores, que os vêem de fato como “parceiros” (termo da moda).



Alguém aí já se deu conta que na “cadeia produtiva do livro” (outro termo em moda), o único que não é profissional (no sentido de viver do seu trabalho) é o escritor? O livreiro é, o distribuidor é, o editor é, o gráfico é, o balconista da livraria é. Menos aquele que produz a matéria-prima para o trabalho de todos os outros da tal “cadeia produtiva”.



Pensem bem nisso. Caso não haja acordo justo, nada impede que num futuro muito próximo os próprios autores se organizem, criem uma editora virtual, e vendam seus livros diretamente, ganhando 80, 90% de direitos autorais.



Peço aos que entenderam o que diz esse texto que se manifestem. Que passem adiante. Que republiquem em seus blogues. Que discutam nos bares (não é assunto “chato”, não. Diz respeito ao nosso trabalho). Que ampliem essa discussão e pensem formas de partirmos pra ação.



É a hora.

terça-feira, 27 de abril de 2010

"A única obra demorada é aquela que não nos atrevemos a começar.
Ela se converte num pesadelo".

Charles Baudelaire ( 1821-1867)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Lá vem o Breno

Mudanças de plano, devido à caralhada de projetos para entregar e a finalização do filme para o lançamento estrearemos a peça nova só no segundo semestre, agüenta ai Nelson. O filme mudou de nome foi rebatizado para,“Às vezes o céu é azul”, depois de alterações no tempo do filme, e mudanças estruturais o nome antigo não servia mais, achei melhor mudar. Agora com a chegada do meu filho estou correndo para organizar tudo para sobrar tempo para curtir o filhote. O nome dele é Breno, caraca será que vou ser um bom pai? Acho que sim, não tive pai mas acho que educar um ser humano vai muito do caráter de cada um. A barriga da Dany cresce a cada dia, é uma experiência muito louca.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Peça nova da Cia Desencontrários estréia em breve

Comecei as pesquisas para escrever esse texto há dois anos, agora começaremos os ensaios e provavelmente estrearemos em Junho aqui em São Paulo. Estamos à procura de um teatro em breve falo onde e quando. Enquanto a atriz Danielli Avila está de licença maternidade para ter nosso primeiro filho, vou me organizando para mais esse projeto. Ela não vai estar no palco ao meu lado mas estará no bastidores fazendo a produção.

sábado, 27 de março de 2010

EU VOU SER PAI. CARACA!!!! DE FILHO, NAMORADO, MARIDO AGORA PAIIIIIIIIIIII!!! EU VOU SER PAI!

sexta-feira, 5 de março de 2010

Entrevista para Revista Etcetera

Concorda com o ator e escritor Márcio Américo, você é uma mistura de Woody Allen, Campos de Carvalho, Machado de Assis e Mazzaropi? Quais autores você tem como referência para seu trabalho de dramaturgo e diretor?

Sim, concordo. Minhas referências dramatúrgicas são os escritores: Paulo Leminski, Pedro Juan Gutierrez, Bret Easton Ellis, Jack Kerouac, Jack London, Machado de Assis, Gabriel Garcia Marques, Matso Bashô, Cruz e Souza, Woody Allen, James Ellroy, David Goodis e Graciliano Ramos. Os diretores de teatro que me influenciaram são: Nitis Jacon, Daniel Uribe, Paulo de Morais, Rodolfo Garcia Vázquez, Betty Lopes, no cinema: Beto Brant, Quentin Tarantino, Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos e Orson Welles.

Queria que você falasse um pouco de seu processo de criação nas três frentes que atua: como dramaturgo, na composição de um texto; como ator, na construção de um personagem; e como diretor, na concepção de uma cena.

Escrever um texto é uma batalha, você sente mal estar, enjôo, depressão para no final se superar, vencer seu pior crítico: você mesmo. Terminado o texto, o deixo descansar por um tempo. Depois entra o diretor que corta falas, muda cenas, trocando por miúdos: Faz a ponte entre a história do autor e o público do espetáculo. Só então que entra o encenador, o mágico, com suas luzes, sombras, distribuindo atores e objetos para compor um quadro harmonioso, cheio de caos cênico; trabalhando altura, largura e profundidade do palco feito um fotograma de filme, mas carregado de significados e sentimentos (qualquer trabalho tem que provocar meus sentidos, se for só cerebral, fujo). Minha função na direção de ator basicamente se resume em ajudar os atores a não forçarem a barra e descobrirem neles mesmos a força do personagem e lembrá-los que todo o dia tem que ser uma estréia, que não se entreguem a rotina, que sejam super heróis, é o momento de sermos Deuses de nossas vidas tortas. Como ator sempre gosto de fazer a backstory do personagem, assim posso ver que a situação atual é sempre conseqüência de decisões e acontecimentos passados. Um bom ator é aquele que está sempre raciocinando os fatos, gerando uma ação mental para quando for andar, falar ou mesmo quando está pensando tenha vida suas idéias, para poder passar ao público o que ele está sentindo só com o olhar.

O que mais te atraí na linguagem teatral e o que você evita sempre que escreve um texto?

Fazer com que o público imagine um mundo todo só dando a ele uma fechadura. Tento não chatear o público, acho que às vezes consigo.
Quando está escrevendo uma peça, você já pensa na questão dos recursos de produção disponíveis?
Sempre, até porque minha mulher (Danielli Avila) é a produtora e também atriz da Cia Desencontrários, ela que administra essa parte, fazemos nossa arte se pagar sem leis de incentivo, fomento, então temos que usar mais a imaginação sem que isso prejudique o resultado final. Até agora tem dado certo, tanto que o filme Betty quer morrer e outro curta, ainda inédito, foram bancados pelo teatro.

Em sua opinião, o texto é imprescindível para uma montagem teatral?
O texto é o alicerce, as paredes que te protegem de caminhos equivocados.


Tanto Jovens Suicidas quanto Sanguíneo são peças onde as personagens femininas são protagonistas. O universo feminino é uma preocupação específica em seus textos ou isso se deve à parceria com a atriz Danielli Avila?

Tenho outros textos que os protagonistas são homens, mas acho que sempre coloco em minhas peças uma personagem feminina forte, talvez seja porque perdi meu pai muito cedo, devia ter 2 anos de idade, fui criado pela minha mãe que foi uma guerreira em dar comida, casa, roupa, educação para cinco filhos, todos pequenos. Pude ver e sentir na carne como é a vida de mulheres que lutam para sobreviver num mundo dominado pela ignorância machista.

Betty Quer Morrer virou curta-metragem, entrando para Mostra Internacional de Cinema. Como foi o trabalho de adaptação? Quais as principais diferenças de tradução da linguagem teatral para a linguagem audiovisual?

Em primeiro lugar entrar nessa Mostra foi pra mim a realização de um sonho. Logo quando cheguei em São Paulo (1996), não tinha dinheiro e ficava na porta do cinema na esperança de conseguir entrar. A principal diferença entre teatro e cinema é a síntese, mostrar o que tá dentro da cabeça dos personagens em imagens e subtextos. Foram dois anos de trabalho (23 versões do roteiro), no cinema menos é mais. O público de cinema é muito mais exigente em termos narrativo, te obriga a ser mais criativo, detalhista, temos que criar todo um universo verossímil, completo, já no teatro contamos mais com a imaginação do público.

Embora nunca seja o mote principal, em suas peças é notável certa estética da violência. Como você pensa o tema em seus textos?

Vivi 27 anos da minha vida no bairro pobre de Cambé, cidade dormitório de Londrina no Paraná. Convivi muito com a violência, éramos brancos pobres, como a maioria do bairro de “bóias frias” (trabalhador rural) em que eu morava; como já disse perdi meu pai muito cedo, minha mãe saía pra trabalhar e deixava minha irmã adolescente cuidando de casa, eu e meus outros dois irmãos mais velhos ganhávamos a rua, conseqüentemente entravamos em algum tipo de delinqüência. Lembro uma vez (quando tinha 12 anos) de ver um homem ser morto a facadas na frente do supermercado e outra vez de acordar com o cano gelado do revolver 38 do policial cutucando minhas costas às seis da manhã, ele só parou quando minha mãe disse que eu não era quem eles estavam procurando, era meu irmão mais velho. Os filhos da puta tomaram todo o nosso café e foram embora, meu irmão não tinha dormido em casa naquela noite. Vários amigos de infância foram assassinados, meu sobrinho de 13 anos de idade morreu com um tiro na boca porque uma garota mais velha lhe deu um beijo pra fazer ciúmes no seu namorado traficante. Bom, acho que sou um prato cheio para os terapeutas. Normalmente meus temas são coisas já passadas, vividas ou não, que linkam com o nosso tempo. Tento não fazer de meus personagens os fodões, procuro colocá-los em situações em que eu mesmo não saberia o que fazer ou como reagir. Sou um romântico, querendo que essa porra de mundo dê certo.

Para um grupo de repertório como a sua Cia Desencontrários é possível viver exclusivamente de teatro?

É muito difícil viver exclusivamente de teatro, como é muito difícil viver exclusivamente de cinema, de artes plásticas, de dança, na verdade é muito difícil viver de arte em geral no Brasil. Quem diz que vive só de teatro tá mentindo, tem que fazer propaganda, dar workshop, vender texto, livro, escrever roteiro, ser músico, participar de filmes dos outros, às vezes até trabalhar com outras atividades como abrir um bar, vender coisas usadas, vender cimento, fazer pesquisa no datafolha, etc. Claro que tem uma meia dúzia que vive de teatro, por exemplo, aqueles que milagrosamente pegam o fomento todas as vezes. Já que o dinheiro é da população, todos têm direito, não acha? Temos muitos editais para Teatro em São Paulo, mas são sempre as mesmas pessoas/grupos que são selecionados. Em seis anos de Cia e com 5 peças montadas nunca fomos contemplados em nenhum. Estamos sempre produzindo, não temos tempo para puxar o saco de ninguém.
Jovens Suicidas foi escrita em 2005 ainda quando eu morava num quartinho numa pensão na rua Conselheiro Ramalho no centro velho de São Paulo. Botei o apelido de Barton Fink por ter um tapete vermelho no corredor de entrada da pensão que me fazia lembrar o hotel decadente do filme dos irmãos Coen; onde John Turturro, um dramaturgo estreante, sonha com o estrelato no cinema. A solidão da pensão e o desespero dos seus moradores me motivaram a escrever essa peça.
(Joeli Pimentel)

BETTY: Você pensa que vai me violentar? É isso que todos querem. Me violentar. Mas você não vai conseguir, eu não vou permitir. Eu sei me defender.

Ela pega uma tesoura.

PESQUISADOR: Não. Eu não quero te violentar. Eu só quero fazer a minha pesquisa o mais rápido possível e cair fora. Então, quais marcas você lembra de ter visto em propagandas na televisão no último mês?

BETTY: Mentira. Mentira. Mentira, mentira, mentira, mentira. É tudo mentira. (rasga os papéis dele)

PESQUISADOR: Ei... Você não pode fazer isso com as coisas dos outros, é o meu ganha pão, eu vou perder o meu emprego. A Cida vai me matar se eu voltar sem esses questionários preenchidos... agora que eu tô fodido.

BETTY (continua rasgando; depois parte com a tesoura pra cima dele): É tudo falso. Falso.

PESQUISADOR (amedrontado): É eu também acho. Pesquisa só serve pra descobrir uma nova maneira de fazer com que as pessoas comprem cada vez mais. Elas nem precisam, mas vão continuar comprando, comprando cada vez mais. Na favela, na favela os caras ás vezes não têm o que comer, mas tem barraco que tem até tevê nova e DVD. E eu não consegui nem comprar um vídeo cassete ainda.

Ela tem um ataque.

BETTY: Essa casa é falsa, o papa é falso, a roupa que eu uso é falsa, o presidente é falso. O telejornal é falso. Essa cidade é falsa. Você é falso. A minha vida é falsa.

PEQUISADOR (assustado, mas tentando acalmá-la): A gente precisa de quem aposte na gente, que nos ame, que acredite. (tira a tesoura da mão dela) Essa guerra dentro da gente é passageira. Uma hora os pensamentos ruins vão embora você vai ver.

Sangüíneo é meu sétimo texto para teatro, foi escrito em duas semanas de 2007, tinha uma frase do filósofo Nietzsche na cabeça que me atormentava: “O homem é um animal doente”. Me tranquei no meu escritório com essa frase e a idéia de juntar personagens de HQ´s com clima de filme Noir numa história policial, com uma pitada de humor negro.

NAZI: É lata.

TIAGO: Quê?!

NAZI: Não há duvida, é lata.

TIAGO: Olha de novo.

NAZI: É lata, não vale nada.

TIAGO: Quanto você me dá por ela?

NAZI: Eu não estou pechinchando, é lata.

TIAGO: Você pode ter se enganado.

NAZI: Eu tenho outros clientes para visitar.

TIAGO: Então olha mais uma vez só pra ter certeza.

NAZI: Eu já tenho certeza. É lata.

TIAGO (pega o cara pelo colarinho): Quer parar de chamar o meu bagulho de lata seu nazista filho da puta. (pausa) Quanto você me dá por ela?

NAZI: Mas é lata.

TIAGO: Então me dá alguma coisa pela medalha e você fica com o resto.

NAZI: É lata também.

TIAGO (se afasta, respira): Tá bom. Quanto vale? Me faz uma proposta decente porra.

NAZI (pega uma arma e põe na cabeça dele): Seu maluco filho da puta. Eu já te disse que é lata. (histérico) Tá me ouvindo agora seu desgraçado? É lata, lata, lataaaaaa...

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

André Klotzel fala do curta-metragem Betty quer morrer de Joeli Pimentel

“Achei BETTY QUER MORRER muito bem realizado, tanto no aspecto mais estritamente técnico (como fotografia, som, música), como na parte mais "artística" (a interpretação da transtornada Betty está ótima). O filme vem de uma adaptação de um texto teatral, pelo que eu entendi, (Jovens Suicidas) e ele mantém um pouco desse aspecto teatralizado. Isto é reforçado pelo final em que ela o incendeia mas em seguida ele aparece deitado e não está carbonizado.”
Parabéns,

André Klotzel

Filmes de André Klotzel

Longa-Metragem

° Memórias póstumas (2001)
o 5 prêmios no Festival de Gramado.
o Participou na mostra oficial do Festival de Berlim - Panorama e mais de 10 outros festivais internacionais.

• Capitalismo selvagem (1993)
o Financiado com apoio da ZDF-German Television/Das Kleine Fernsehspiel e Ministère de la Culture de France/ Fond Sud.
o Participou de 7 festivais internacionais.

• A marvada carne (1985)
o 11 prêmios no Festival de Gramado.
o Participou em Cannes da “Semana da Crítica” e de mais 20 festivais internacionais.
o 1.200.000 espectadores em salas de cinema no Brasil.
o Distribuído em cinema, vídeo e televisão para 15 países.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Comecei a escrever minha peça de número 9, meu primeiro texto feito em cima de pesquisa com um tema - estou curtindo. O mundo parece estar voltando ao normal. Saúde e força para aqueles que povoam o mundo com suas histórias, e não mudam uma virgula daquilo que são. Fui ao cinema ver Vício Frenético, refilmagem do filme de Abel Ferrara com Nicolas Cage e Val Kilmer a direção e do alemão Werner Herzog du caralho, não vi o original com Harvey Keitel.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Novo número da revista ETCETERA

Novo número (25) da revista Etcetera entra esta semana na internet, quem não conhece vale a pena conferir. Junto com uma entrevista que dei falando do trampo de dramaturgo no Brasil falo também de direção, cinema e leis de incentivo ao teatro e de lambuja tem dois textos meu para download: Jovens Suicidas e o inédito Sanguineo. A revista Etcetera participou do Programa Perfil Literário da Rádio Unesp FM. O programa, que existe desde Janeiro do ano passado, realiza diariamente entrevistas com escritores, ensaístas, tradutores, dramaturgos, ilustradores e artistas plásticos. É conduzido por Oscar D’Ambrosio, coordenador de imprensa da Unesp. Nomes como Ademir Assunção, Paulo de Toledo, Inácio de Loyola Brandão, Luiz Ruffato, Ivana Arruda Leite, Nuno Ramos, entre outros, passaram pelo programa.

Sandro Saraiva, editor da Etcetera, falou sobre seu primeiro contato com literatura, fanzines, internet e, claro, sobre a revista. A entrevista está disponível para ser ouvida ou baixada no site. O endereço é: http://aci.reitoria.unesp.br/radio/perfil_literario o arquivo é o número 208.

O novo número da revista entra na rede nesta semana. A vigésima quinta edição traz o dramaturgo Joeli Pimentel no Download Dramaturgia, matéria sobre Jack Kerouac, Sessão Cinema, entre outras coisas mais. Não perca!

Mais novidades no blogue da Etcetera: http://bloguerevistaetcetera.blogspot.com/

Revista Etcetera

www.revistaetcetera.com.br